Dicas de texto e imagem para infografia

Dicas de texto e imagem para infografia
(adaptado de “Write Tight” de Chip Scanlan –Poynter Institute)

Garimpando os dados
Você não precisa passar todos os dados só por que eles estão à disposição. Lembre-se: você é pago para ler os relatórios, o leitor não

A idéia
Seja rápido. Pense nas questões que interessam ao leitor. Escolha o quanto antes qual vai ser o foco da arte mas esteja flexivel a mudá-lo de acordo com as informações apuradas

Objetivo
Não se deixe dispersar com excesso de dados. Se você está confuso, imagine como o leitor vai ficar se perguntado. Faça duas perguntas para ter certeza que o foco está certo: “Qual é a notícia?”; “Qual é o ponto?”. Estas perguntas levam direto ao leitor: “Qual é a novidade?”; “Do que essa arte está falando?”; “Por que eu devo ler isso?”
Pense nisso durante todo o processo: quais os dados que interessam e qual imagem poderia realça-los.

Reportagem e imagem
Tenha em mente o “efeito iceberg” (Viu como uma imagem funciona?). A reportagem fica mais forte se estiver sustentada com boas artes, fotos, frases e desenho de página. Quem melhor que o autor da reportagem para saber qual imagem melhor sintetiza o texto?

A mina de ouro das infografias
Use apenas as informações que realmente interessam: a imagem mais forte, os números mais relevantes, junto com textos curtos e didáticos. Sempre que possível procure detalhes e/ou comparações que podem esclarecer o leitor e, ao mesmo tempo, ser a porta de entrada para a arte. A delegacia ficava perto do local do crime? Quantos metros?; O trem de pouso do avião não funcionou? Como deveria funcionar?; A dívida aumentou 2,5%? O que significa isso em cestas básicas?

Rascunho e planejamento
Qual é a pauta? Se estiver inseguro, junte os dados e imagens e converse com alguém da arte. Fale sobre a pauta e o que você pretende mostrar. Na maioria da vezes o infografista pode começar a trabalhar na parte gráfica antes de a apuração estar completa. Não é difícil, às 14h ,começar a produzir uma infografia de um ministro, ilustrado como um polvo, segurando vários sacos de dinheiro e esperar o texto final chegar mais tarde. Por outro lado, o mesmo infografista não vai poder produzir nada visualmente interessante com um “texto corrido” chegando na hora do fechamento e ainda por cima sem saber qual é a pauta.

Selecionando os dados
Excesso de informação é um dos pecados capitais da infografia ruim. Relatórios do IBGE, ONU, Seade, etc. fornecem uma imensidão de estatísticas . Dados suficientes para afogar qualquer leitor até o tédio. Interprete os números e use apenas as series que interessam na pauta.

EXEMPLO 1- Sesi tem mais dinheiro que o Senac: interessa a evolução? Não? Neste caso use apenas os dois últimos dados atualizados. (gráfico de barras)

EXEMPLO 2- Senac ultrapassa arrecadação do Sesi: agora sim, como foi a evolução no período? Em que data houve alguma mudança relevante na arrecadação. (gráfico de linhas)

EXEMPLO 3 – Sesi e Senac detém 40% do Sistema S: qual a fatia de cada um? Quem são os outros? Temos dados para completar os 100%? (gráfico de pizza)
Resumindo: você não precisa fazer o leitor perder tempo lendo vários gráficos se você sabe exatamente o que quer mostrar

Como pensar uma imagem
Não confunda imagem com “desenhinho”. Situação típica: uma arte enorme cheia de texto e o redator pede para o infografista: –Não dá pra por uns “desenhinhos“ aí?…
A resposta é: –Não. Uns “desenhinhos” não dá, mas se você ajudar a pensar em qual a utilidade desta arte para o leitor, talvez alguns recursos possam ajudar:
1-FOTO – Vale a pena fazer uma ilustração de um prédio se você tem uma foto dele? E, no caso de uma mostra ou exposição. Não é melhor dar fotos pequenas das obras? Não é uma sorte ter uma foto que localiza o prédio que caiu na avenida Paulista?
2-MAPA– Então, você quer me dizer que todas essas coisas estão localizadas na Vila Madalena! E se a gente agrupar as fichas por país, ou por continente, não dá pra colocar num mapa?
3-ILUSTRAÇÃO– É bem mais sofisticado do que “desenhinho”, não é? Para fazer uma ilustração que funcione é importante que ela tenha ligação com o título. Charges com metáforas (cabo-de-guerra, labirinto, quebra-cabeça, etc.) são batidas mas sempre funcionam. Seja bem específico com o ilustrador, o ideal é que ele já saiba onde os textos vão entrar para que o conjunto final fique integrado.
4-DIAGRAMA– Vale aqui o sentido mais técnico da ilustração. A gente não pode colocar estes texto em seqüência e montar um fluxograma do desvio do dinheiro? Não é melhor fazer um esquema pra mostrar como o vírus ataca? Com essas informações não dá pra gente fazer uma ilustração ou fotomontagem de como vai ficar o parque depois da reforma?

Qual o tamanho certo da arte
O melhor tamanho da arte é o que resulta numa página melhor desenhada. Às vezes pode ser melhor uma infografia “clean”, apenas com texto e fundo cor, em outros casos fica melhor diagramar a página toda em função da arte. Em qualquer caso é importante que o infografista e o redator saibam a posição da arte na página.

Arte não é retranca
Escrever para arte é muito diferente de escrever um texto normal:
- Os texto devem ser curtos e objetivos, o resumo cortado até o osso. A idéia é que a arte seja uma leitura mais rápida.
- Agrupe as informações similares sob um mesmo subtítulo. Isso ajuda o leitor a ir direto onde interessa.
- Se tiver vários blocos de texto é melhor que eles sejam do mesmo tamanho. Fica mais fácil de deixar a arte bonita.
- Evite condicionais e palavras longas: respectivamente, principalmente, etc. Na arte elas podem ocupar a linha toda.
- Story-boards com três cenas é o suficiente, cerca de tres linhas de terminal cada cena. Quatro cenas se matarem o papa.
- Cronologias em forma de arte devem ser ser curtas. Senão, faça uma retranca com fotos, o leitor agradece.
- Revise o texto ANTES de passar para a arte. Isso poupa um bocado de trabalho.

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